segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A escola da vida a tempo inteiro!

O aumento a esperança de vida é, quase sempre, visto de uma forma negativa, um drama, um fardo... Envelhecimento e declínio andam a par e em quase todos os discursos.
Discursos puramente ideológicos, socialmente descontextualizados, que levam a pensar que ficar mais velho é perder competitividade e recusar tudo o que é novo. Bastaria pararmos para pensar em que altura da vida e com que idade pensamos isto, para perceber o erro que cometemos. Começamos a envelhecer no dia em que nascemos. Portanto, envelhecer é natural!
O aumento da esperança de vida é uma boa novidade e abre múltiplas oportunidades. A revolução cinzenta (grisalha) traz desde logo a possibilidade da esperança, um risco que vale a pena !


Precisamos de sair do discurso das estatísticas e da saúde e arranjar uma política que não se limite ao desenvolvimento económico e médico, mas que trate da dimensão social, cultural, geográfica...
É preciso criar condições para uma nova ecologia social,  intergeracional. Há um presente e um futuro em todas as idades se soubermos fazer da nossa vida um sucesso em vez de querermos, somente, ter sucesso na vida!

Envelhecer : Uma escola a tempo inteiro, em que vale a pena apostar!

O Livro de Serge Guérin é um livro para ler e emprestar aos amigos e conhecidos.  Aqui fica a sugestão!

sábado, 19 de agosto de 2017

LER É MUITO IMPORTANTE



À conversa sobre a importância de ler

- Eu acho que é muito importante ler. Se eu não soubesse ler, quando o meu namorado me escrevesse, toda a gente ficava a saber os meus segredos.
- Como é que eu podia ler histórias aos meus filhinhos antes de eles irem para a cama?

- Ler é uma coisa muito especial, porque nós podemos ver quem morre nos jornais ou até procurar casa. E até podemos saber notícias de outros países e de outras cidades.
- Se eu não soubesse ler não podia fazer bolos, porque não sabia ler a receita.

- E tu Jorginho? Achas que é importante ler?
- Eu acho que é muito bom ler e até me faz muita falta. O meu irmão não sabe ler e eu tenho de o ajudar nos deveres.
- Se eu não soubesse ler não podia ir às compras com a minha mãe – diz o Lino.
- A minha avó não sabe ler, só sabe ouvir e às vezes eu conto-lhe histórias. Ela fica muito contente de eu saber ler e até me faz festinhas na cabeça quando eu lhe leio algumas partes do meu livro. Um dia ela até chorou.

Ler é importante!
Brincar a ler é fazer teatro e contar histórias.

Maria José Araújo
(grupo de crianças do projecto Biblioteca Popular “À Procura da Aventura” 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ler na férias






um livro de Manuel Rangel e Benedita Coimbra

Todas as oportunidades são boas para aprender.
Todos os materiais e situações do quotidiano podem ser importantes para dialogar e trocar informação. O difícil, às vezes, é saber como fazer. É conseguir aproveitar o tempo e as diferentes situações para explorar e conhecer, para ver e saber.
As crianças adoram saber e satisfazer a sua curiosidade, perguntam... querem mais!
Este livro é um bom exemplo de como qualquer situação pode ajudar os educadores a captar a atenção dos seus educandos.
Não só captar a sua atenção mas também aprender a aproveitar as situações do dia a dia para, em conjunto, desenvolver atividades significativas, divertidas e que ajudam a criar uma relação com o mundo do conhecimento.


Um livro pleno de sugestões criativas que ajudam a "fazer matemática"

Como dizem os autores: a matemática  está sempre presente, está em tudo, está "no meio de nós" A matemática não é mais do que o nosso olhar organizador sobre o mundo que nos rodeia!"

Este livro é mais uma aposta interessante para acabar de vez com os tradicionais TPC.

É ainda a nossa homenagem ao Manuel Rangel pelo carinho, empenho e dedicação às crianças e ao conhecimento.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

"O 10 Magnifico" Proposta para as férias


O 10 Magnífico 
de Anna Cerasoli 

"Filippo, a quem chamam Filo é uma criança atenta que gosta de brincar com o avô. O avô fecha-se com ele na cozinha, não para o tornar Chef mas porque ambiciona transformá-lo num génio matemático" 
Tinha sido professor de matemática e, desde que o tinham mandado para casa (reformado), aproveitava para  falar sobre a sua história, sobre o seu prazer em ser professor. O mundo da escola ficara-lhe no coração. Como ele gostava de se sentir professor!

O seu neto, Filo, tornara-se o seu aluno preferido, mas não o único porque o professor  adorava partilhar o seu saber com outros.

Para efectuar uma operação matemática diz o avô, precisamos do livro de receitas da tua mãe. Tirando o livro da estante o avô abre na receita do chocolate quente. Temos de seguir todos os passos para preparar esta bebida que tanto gostas... para efetuar esta operação"

Um livro pertinente, cheio de história e histórias bastante mais útil para as férias do que os tradicionais TPC, enfadonhos e desagradáveis. Um livro a comprar, a ler e a partilhar com outros porque a matemática não é difícil nem esquisita, é essencial para tudo no nosso quotidiano.

Um livro para todos os que gostam da aventura de saber E DE PARTILHAR O QUE SABEM!



domingo, 16 de julho de 2017

As actividades devem ser pensadas com os alunos ou para eles?



Na perspetiva de que as atividades devem ser programadas para os alunos está implícita uma concepção de infância que toma as crianças ou os jovens como seres não ativos, sem capacidade de iniciativa e sem identidade. Esta perspetiva não os olha no presente, com a sua realidade concreta, mas como um produto de aprendizagens organizadas pelos adultos em função de um desígnio institucional de socialização. Consequentemente, as atividades por vezes são adequadas, outras vezes não são, porque não vão ao encontro das realidades culturais, cognitivas e às motivações das próprias crianças/jovens, entre outras razões.


Na perspetiva de que as atividades devem ser pensadas com os alunos, a partir dos seus interesses e participação, estamos perante uma conceção de infância que as olha no presente, com personalidade própria, pois estamos a dar-lhes a oportunidade de exprimirem o que sentem, da maneira que desejam. Neste tipo de atividade mais lúdica e não tão direccionada, o próprio processo da escolha é já uma actividade que é válida por si. 

É de facto muito importante que as crianças e os jovens exteriorizem a sua subjetividade, algo que vem de dentro das suas vivências, dos seus marcos de referência e não que é imposta do exterior. 

Maria José Araújo

Repressão ou demissão ?


Hoje vimos uma criança ser castigada e não fizemos nada!

Um debate a partir da obra de Bernard Defrance " Sanctions et discipline à l´école"
Uma obra que se dirige a todos aqueles que pensam que a escola se tornou incapaz de fazer com que os alunos cumpram as regras elementares de convivência social.


Castigar é uma pratica comum em educação.
O castigo, sobretudo com os mais novos, é uma pratica legitimada. Paradoxalmente não se reflete sobre o seu significado. Preferimos interrogar-nos sobre a legitimidade do que sobre a função e os mecanismos usados para  remeter a criança ao silêncio. 
A prática "de formas punitivas" nas instituições escolares nem sempre é debatida e os seus efeitos no processo educativo de uma criança não são conhecidos.

Faz o que te digo e pronto!

A criança castigada dificilmente tem direito de defesa ou compreensão.
Os adultos que não infringem a punição mas sabem que ela existe "assobiam para o lado".
A lei ao serviço das praticas educativas devia merecer a nossa atenção, desde logo porque a escola tem o dever de proteção àqueles que a frequentam. 
E, seria um beneficio para todos se o debate nos levasse a praticas de responsabilização e civilidade.

Como refere Bernard Défrance:  La querelle des "tolérants" et des "répressifs" taxés respectivement  par les adversaires de "laxistes" et de "réactionnaires" bat son plein. Il faut sortir de cet affrontement pour trouver terrain plus serein.
Esta questão tem de ser debatida no campo dos direitos e todos temos o dever de o fazer.

A obrigação dos educadores é serem isso mesmo: educadores!



Sonhar é preciso!


Onde se fala de gatos e de homens 
Manuel António Pina


Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.
Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida coletiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.
E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.
Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo.

JN, 09/11/2005

A autoridade não se impõe, conquista-se

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