LUSA: Como comenta o início do Ano lectivo?
No ano lectivo 2007/08 falou-se muito de Escola e muito pouco de Educação.
O ano lectivo de 2007/2008 foi marcado por grandes polémicas em torno das medidas de politica do Governo e da forma com essas medidas afectaram a vida das pessoas e controlaram os seus quotidianos e modos de viver. As greves dos professores/as e dos estudantes, as lutas sindicais, os constrangimentos orçamentais, as atitudes comportamentais dos diferentes actores do sistema educativo (pais e encarregados de educação, estudantes, professores/as e funcionários/as e membros do governo). Muitos docentes ficaram sem emprego e muitos outros foram obrigados a aceitar ofertas de trabalho precárias (por exemplo na chamada Escola a Tempo Inteiro). Nada disto é novidade.
Mas toda a polémica girou em torno da organização do sistema político-educativo e muito pouco ou nada se falou sobre acesso, construção e difusão do conhecimento, que é a razão máxima do sentido da educação escolar.
Não se pode falar de medidas de política educativa, sem ter a noção de que essas mesmas medidas são o reflexo de uma política marcada por um determinismo governativo. O que o Ministério fez, fez bem do ponto de vista deles. A questão é que apostaram num projecto para a vida escolar que não foi, a avaliar pelos protestos, consensual e bem aceite pela população em geral e pela comunidade educativa em particular. Ou não teria havido contestação.
A Sra Ministra diz hoje através do Jornal Público que “a contestação faz parte da vida social e temos de estar preparados”, e tem razão. No entanto, é preciso dar ouvidos a esses protestos porque é verdade que só contesta quem não está contente.
Se estão reunidas as condições de trabalho para o ano lectivo 2008/09?
Do meu ponto de vista só estão reunidas as condições:
1 – se o Ministério garantir que tem uma grande confiança nos diferentes agentes educativos (professores, estudantes e funcionários), que frequentam os espaços escolares, e eles sintam isso; De facto as escolas foram invadidas pela burocracia deixando muito pouco tempo para leccionar;
2 – Estiverem reunidas as condições de equidade no acesso à educação, sem qualquer tipo de exclusão, designadamente de pessoas cegas, surdas ou com mobilidade reduzida, e que o sistema educativo assegure a eliminação de qualquer tipo de barreiras ao longo dos seus percursos de formação. De facto, no ano lectivo 2007/08 o Ministério praticamente acabou com a possibilidade de apoio aos crianças e jovens com NEE.
Neste momento, o ambiente que se vive nas instituições escolares é de grande tensão e desconfiança e entravam o exercício efectivo de uma cidadania plena, igualdade, o direito à qualidade de vida, à educação, à cultura e ciência e à fruição e criação cultural.
Se a Sra. Ministra diz publicamente que estão reunidas as condições para um melhor serviço público de Educação no próximo ano lectivo..... temos de ficar à espera para ver e mais importante que isso - sentir!
Maria José Araújo
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Há 2 meses