domingo, 1 de junho de 2014

Todos usamos a memória diariamente. Todos!

Numa sociedade em que a informação está sempre ao nosso alcance é preciso ter cuidado com o que se propõe às crianças na escola.

(...)
Quando se obriga a memorizar e repetir, estamos a impor uma conceção já programada e raramente as crianças aprendem a pensar, a pôr em causa, e isso não as ajuda a perceber e ficar com vontade de continuar. O que se propõe com muitas situações de jogo é a possibilidade de produzir, mudar e conceber novas formas de fazer/jogar. Isto, aliás, acontece com os estudantes de qualquer nível de ensino e até com os adultos. Não raras vezes ouvimos dizer que os estudantes “decoram e vomitam matéria”, sem saber nada. O que, sendo um exagero, é já de algum modo uma forma de se denunciar este tipo de conceção do conhecimento. Em relação aos adultos, o discurso comum usa muito a expressão: parecem uns papagaios, isto é, decoraram, mas na realidade não sabem. Em relação às crianças, o próprio Ministério da Educação incentiva a prática, não só no estudo em casa mas também na escola, com as metas curriculares de português para ver quem consegue ler mais palavras por minuto. Uma prática que as crianças não entendem e que está a deixar muitos educadores (pais e professores) estupefactos, pois já não chegava mecanizar e ensinar a “vomitar”: agora é preciso, também, cronometrar.


Estudar e fazer TPC é a mesma coisa?

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http://barometro.com.pt/archives/1250

Uma CRIANÇA QUE BRINCA

1 de Junho Dia Mundial da Criança


UMA CRIANÇA QUE BRINCA

Poderá parecer exagerado pensar que pelo facto de vermos a criança como um adulto a vir tenhamos de aceitar também que ela não brinca. Parece, na verdade, que podemos sempre ver a criança como um ser duplo que em parte se desenvolve projectando-se dessa maneira no futuro, e em parte vive plenamente o seu tempo, o tempo de crianças que lhe é dado. Não tendo ela consciência de viver para o futuro, a coincidência com o seu tempo actual, o sentir-se a viver no presente, não lhe está vedado. Talvez seja assim. De facto porque haveria a criança de pensar cada um dos seus gestos como irreal, quase fantasmático, ilusório, algo que não é o que parece?!... Que a criança vive o seu presente, no seu presente, não parece difícil de aceitar. É no lado do adulto que o problema existe. Não apenas porque, muito comesinhamente, ele pense sacrificar o mais que puder o presente da criança ao seu futuro, nem apenas porque , cheio da sua certeza de especialista ou de instruído pelos especialistas tente impor à criança um presente falsificado (espaços, situações, brinquedos, jogos...) concebidos para beneficiar o desenvolvimento da criança, e por conseguinte não concebidos pela própria criança. Mas porque tudo isto revela a sua incapacidade de ver a criança, de sequer ver a criança. Poderá aceitar que ela tem um presente, mas não lhe reconhece qualquer valor. O presente da criança é uma excrescência a ignorar, passatempo ou entretenimento sem importância, ou, preferivelmente a manipular de modo a que nem tudo nele seja em pura perda. Ora um presente assim pensado é um presente não v isto, não olhado. Olhando não ve uma criança que brinca, a que assume estar toda no seu presente, mas um futuro adulto    (...)
Vitor Martins

A autoridade não se impõe, conquista-se

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