A questão das chamadas Actividades de Enriquecimento Curricular no 1º Ciclo do Ensino Básico (EB) – conhecidas por AEC – é de grande complexidade. A atenção do senso comum centra-se nas actividades propostas pelo Ministério em parceria com as autarquias (se são boas ou más, se devem ser estas ou outras, etc.) e com a necessidade de ter as crianças em segurança, enquanto os pais trabalham, mas a questão de fundo fica sempre por resolver porque é de mais difícil apreensão.
Prende-se entre outras razoes com a “disciplinarização” do 1º ciclo do EB, um programa rígido que é entendido de forma muito diferente pelos diversos agentes educativos (pais e professores) e com a implementação da medida conhecida por “Escola a Tempo Inteiro”. Uma medida “socialmente útil” que é feita a pensar nos pais. Para os mais conservadores a “disciplinarização” do lº Ciclo, representa o regresso à escola tradicional, apostando nas disciplinas consideradas “nobres” (o português e a matemática) em detrimento das disciplinas menos consideradas, como são sempre as áreas de expressão. Para os educadores/as mais progressistas, que querem uma escola mais participada, que respeite o trabalho dos professores e a cultura das crianças e dos pais, representa um retrocesso, numa versão mais autoritária, e tem sido considerada como um atentado à liberdade de aprender e ensinar.
Nesta perspectiva, a primeira pergunta que se impõe acerca da necessidade de um enriquecimento curricular, é a seguinte: Porque é que se empobreceu o currículo, se depois temos de o enriquecer?
Não se está aqui a defender um tipo de disciplinas contra outro, ou um tipo de saber que seria melhor do que outro, mas sim o que as pessoas pensam da sua própria vida e da vida das crianças que têm a seu cargo. No que respeita especificamente a estas actividades de enriquecimento, esta questão prende-se sobretudo com a nossa concepção de infância.
Entrevista à Lusa
Jornal Público
Diário de Noticias do Funchal
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