segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Escola a Tempo Inteiro - Uma Diversidade de Perspectivas

Numa sala do Instituto da Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra, juntaram-se este fim de semana mais de 300 pessoas num encontro promovido pela DREC (Direcção Regional de Educação do Centro) sob o tema “Escola a Tempo Inteiro - uma Diversidade de Perspectivas”. Académicos (professores, estudantes e investigadores), pais, encarregados de educação, animadores, representantes do poder central e local, falaram das suas teorias, experiências e práticas. As crianças e os jovens, se bem que ausentes fisicamente, estiveram, felizmente, mais presentes do que é habitual nos discursos sobre os espaços educativos e as actividades. A vontade de avaliar as práticas educativas a partir dos interesses das crianças, proporcionando-lhes melhor qualidade de vida, foi claramente sentida neste encontro. Trata-se agora de motivar outros profissionais para esta opção de fundo isto é, colocar o ponto de vista das próprias crianças no centro do processo de decisão das questões que as afectam.

Os diferentes intervenientes falaram da necessidade de olhar a escola de diferentes perspectivas, como um espaço quotidiano de relação e sociabilidade, de trabalho (académico e profissional), de aprendizagem formal e informal, de jogo, de vida. Muitos temas foram objecto de análise: o oficio de aluno como um dos vários ofícios da criança; o brincar como um direito fundamental essencial; o perigo da rua, que faz parte da vida; como proteger sem manipular ou controlar; a necessidade de devolver os espaços de ar livre às crianças e as crianças aos espaços de ar livre da cidade; o papel fundamental que as autarquias têm neste campo; como podem todas as crianças, sem excepção, participar nas diferentes actividades; o tempo livre visto como não sendo o contrário de tempo ocupado, porque o tempo das crianças pode ser ocupado respeitando a sua liberdade ou, pelo contrário, violar essa mesma liberdade; avaliar as actividades no seu processo e não só como produto final; como podem os profissionais das AEC fazer do espaço de tempo livre das crianças um espaço com mais liberdade do que aquele que elas teriam se não tivessem estas actividades; a importância de olhar estes profissionais com dignidade; perceber e divulgar as boas práticas. Estas foram algumas das questões que fizeram deste encontro um marco importante para olhar diferentemente a Escola a Tempo Inteiro.

Gostei mesmo muito - dizia uma mãe à saída -, mas fiquei com pena de não haver mais debate, para que os pais pudessem, eles também, dizer o que pensam.

Maria José Araújo

Opera no mercado de Valência

As virtudes do mercado e a música lembrados neste Natal.

Opera no mercado

O tempo de brincar e do jogo tem-se tornado um tempo de consumo e de trabalho

O consumo é uma actividade colectiva que não afecta especialmente as crianças mas todos nós. Fala-se muito do excesso e da abundância de brinquedos e outros objectos, que as crianças (em determinados contextos), recebem no Natal, mas este assunto é bastante mais profundo e complexo, sobretudo no que respeita ás crianças.

Os brinquedos e os jogos são, seguramente, um dos sectores de maior consumo e assim são tratados como produtos. As crianças são seduzidas por uma grande máquina de marketing comercial e nesse sentido, os brinquedos tem vindo a ser desvalorizados pelos adultos que os consideram objectos de consumo, fúteis e desnecessários. São apresentados às crianças como objectos com funções específicas, desvalorizando-se a invenção e a fantasia.

Tendo entrado na categoria de objectos de consumo, para as crianças, a par da roupa, do fast-food, etc, comercializados em grandes armazéns de brinquedos, passaram a ser desvalorizados enquanto objectos de interesse cultural. As crianças aliás, são consumidoras mas também promotoras pois participam, quase sempre, nas campanhas de promoção.

Em Portugal, aderimos a este sistema (americano de origem), o que fez com que o brincar e os objectos de brincar (os brinquedos) fossem desvalorizados. Assim, o tempo de brincar e do jogo tem-se tornado um tempo de consumo e de trabalho.

Os pais e encarregados de educação não são consumidores passivos, são actores conscientes. Mas, muitas vezes compram sem saber bem porquê: objectos da moda, os filhos pedem, ou simplesmente porque é Natal.

Maria José Araújo

Exageros de Natal

A autoridade não se impõe, conquista-se

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