quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Uma questão de argumento

A propósito de uma notícia que ouvi ontem na rádio
Um representante do Ministério da Educação falava das vantagens da concentração dos alunos de várias aldeias numa só escola de um qualquer centro de uma cidade do interior. As melhores condições físicas e o convívio com mais crianças eram as razões significativas que essas escolas “maiores” poderiam oferecer. Na perspectiva desse dirigente, os quilómetros que as crianças teriam que percorrer de manhã para chegar a essa escola eram um mal menor perante as mais valias anunciadas.
Enquanto aguardava no trânsito o meu direito a circular, questionei-me:

- Antigamente havia apenas algumas escolas do primeiro ciclo em algumas cidades e todas as crianças das aldeias andavam quilómetros, de manhã cedo, para terem o direito a frequentá-las. Isso era o fascismo! Com o 25 de Abril veio a preocupação de criar escolas em todos os locais onde houvesse crianças e, assim, proporcionar cultura e cidadania onde ela fosse precisa, sem obrigar as crianças a sair do seu ambiente e aos tais quilómetros inumanos.Foi um passo em frente. Agora, fecham-se as escolas nas aldeias e as crianças voltam a fazer quilómetros para irem à escola na cidade, porque é uma mais valia para as elas. Isso é a democracia!


JLencastre

A escola: espaço de desilusão

Pela pertinência do conteudo temático " A Escola a tempo inteiro", deixo-lhe aqui os meus parabéns e a minha curta reflexão:

Questiono-me, sobre se, realmente, a escola tem como objectivo servir os interesses das crianças e jovens. Parece-me que, grande parte dos adultos,(pais, professores, educadores, politicos, etc.)norteiam as suas decisões contra eles, em nome deles e "para o bem deles", sem os implicarem nas mesmas , invertendo assim os ponteiros do relógio da inteligência, do bom senso, e da capacidade de escuta. A escola poderia e deveria ser um espaço privilegiado para o desenvolvimento integral do ser humano:um espaço de liberdade, de cruzamento de aprendizagens, de práticas educativas fundamentadas em necessidades individuais. Mas continua-se a valorizar o sucesso escolar, mensurável em funçao dos Rankings e das necessidades parentais de segurança dos filhos. Seccionam-se conteúdos curriculares; determinam-se disciplinas extra curriculares; prolongam-se horários. E com estes, reforça-se a agonia dos mais novos, que esperam,sentados, a hora de brincar!Queremos ver os nossos filhos/alunos felizes? Queremos que aprendam a SER? Não! Somos demasiado egocêntricos, ignorantes e déspotas, para refectirmos sobre as nossas acções e lhes concedermos o direito de opinar, sentir, escolher e experiênciar. Somos ADULTOS!

Deixo um pequeno depoimento do meu sobrinho de 9 anos, que me disse o
seguinte:

- Ser criança acaba tão depressa, tia!
já não tenho tempo para brincar, porque passo a vida na escola!

Até breve

Teresa Pereira (aluna ESE)

A autoridade não se impõe, conquista-se

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