O conceito de trabalho de casa aglomera um conjunto de práticas e de efeitos que só aparentemente têm o mesmo sentido e intuito (sucesso, mobilidade social, emprego, integração...), para as mais diferentes motivações: as crianças parecem querer corresponder às expectativas dos pais e professores; os professores aparentemente querem corresponder às expectativas sociais; outros técnicos de educação dizem querer ajudar as crianças a ter melhores desempenhos escolares; os pais parecem querer proporcionar uma maior mobilidade social através da escola; e os técnicos da área social, por sua vez, defendem porventura esses trabalhos como um instrumento para ajudar as crianças a sair dos ciclos de reprodução da pobreza e da exclusão.
Muitas crianças evidenciam comportamentos agressivos, cansaço e dificuldade de adaptação ao trabalho que trazem da escola para fazer. Convém lembrar que estamos a falar de crianças entre os 6 e os 10 anos de idade que frequentam o lº Ciclo do Ensino Básico. Muitas vezes para estas crianças trata-se de um trabalho rígido, limitado e repetitivo, marcado pela necessidade e sobrevivência do aluno/a, construído a partir de uma visão conservadora da escola, contra uma visão “progressista” que procura um trabalho significativo, que ajude a compreender o significado emancipatório do conhecimento. Um conhecimento que fará com que as crianças compreendam a sociedade em que vivem e consigam adquirir os instrumentos para lidar com ela, tendo em conta os constrangimentos com que se deparam diariamente.
Maria José Araújo
(2006) In Crianças Sentadas
Porto. Livpsic
sábado, 23 de maio de 2009
TPC . Trabalho Rigido, limitado e repetitivo
Publicada por M Jose Araujo à(s) 04:43 0 comentários
quarta-feira, 20 de maio de 2009
O que tem o TPC a ver com o "sucesso escolar"?
Todas as perspectivas sobre a utilidade dos TPC, ou trabalhos escolares feitos fora da escola, decorrem do facto do trabalho dos alunos se ter tornado o discurso dominante do “sucesso escolar” das crianças e dos jovens. A falta de trabalho dos alunos relacionada com as aprendizagens escolares é denunciada como uma causa essencial de insucesso. Multiplicam-se as explicações, salas de estudo, etc. Isto é tanto mais grave quanto as crianças não chegam à escola em pé de igualdade e quanto mais o “sucesso” na escola resultar de algo que a transcende (condições sociais dos alunos, capitais culturais herdados, TPC, explicações etc.), mais ela reproduz e reconfigura essa diferenciação social – transformando desigualdades sociais em desigualdades escolares (o que legitima a meritocracia do sistema, com todas as funções propriamente ideológicas que isso implica).
É neste contexto que a expressão “insucesso escolar” surge como sinónimo de falta de aproveitamento escolar, quase sempre identificada com a “reprovação” (hoje retenção) e como consequência da falta de trabalho escolar, subentendido pelos pais e educadores como falta de estudo. No entanto, não existe um “insucesso escolar”, o que existe são vários insucessos escolares. “Tudo depende da perspectiva em que nos colocamos: insucesso em relação ao aluno ou em relação à escola? (ao professor, ao Ministério da Educação, aos pais...). Se a resposta parece ser em relação ao aluno, deve perguntar-se onde termina a responsabilidade da escola, para começar a do aluno/a, ou seja, em que medida este foi incapaz de aprender ou aquela de ensinar” (Ribeiro, 1988: 1).
Publicada por M Jose Araujo à(s) 04:50 1 comentários
As crianças não fazem manifestaçoes, nem votam
Anónimo disse...
Brincar e respeitar o brincar das crianças como a principal actividade - que deveriam ter - é a proposta.
5h de aulas todos os dias tem de chegar. Há muitas outras coisas para fazer. Propiciar o tempo e o espaço para que o possam fazer, até por exemplo não fazer nada. Pensar.
É de facto preciso deixar as crianças saltar e correr . Para isso é preciso que elas tenham espaços e tempo. Com actividades atrás de actividades o dia todo é impossivel.
Mas foi interessante perceber a reacção dos adultos com comentarios online sobre este assunto.
Proponho que lutem por esses espaços livres, menos trabalho escolar e mais ar livre, mais jogos e boas bibliotecas para as escolas, mais respeito pelo tempo livre das crianças etc.
As crianças não fazem manifestaçoes, nem votam
ou a questão estaria, para o lado delas, bem mais interessante.
(comentario enviado por email)
Publicada por M Jose Araujo à(s) 04:47 0 comentários
terça-feira, 19 de maio de 2009
Os educadores e os TPC
As preocupações de muitos educadores sobre esta situação resume-se à dificuldade de pensar nos TPC sem nunca perder de vista a perspectiva da criança ou seja, não se deixar apanhar na armadilha de estar contra elas.
Publicada por M Jose Araujo à(s) 06:00 0 comentários
Fazer um bolo ou escrever uma carta
"Embora se constate que muito do brincar se inspira no mundo adulto, é um equívoco supor que se trata de uma mera imitação ou réplica grosseira da vida adulta. Com efeito, o conceito de reprodução interpretativa do mundo e da sociedade adulta pelas crianças, apesar de considerar que nas suas brincadeiras elas podem repescar os temas e representar os papéis e as formas de relação que observam e experimentam no/com o mundo adulto, também enfatiza que elas são selectivas nos modos como os apreendem e interpretam, e expressam a sua diferença nos modos como os desempenham (...)"
Manuela Ferreira - Do "Avesso" do Brincar ou... as relações entre pares, as rotinas da cultura infantil e a construção da(s) ordem(ens) sociai(s) instituinte(s) das Crianças no Jardim de Infância"
Publicada por M Jose Araujo à(s) 05:58 0 comentários
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Lisboa, Portugal 18/05/2009 08:19 (LUSA)
Temas: Educação
Lisboa, 18 Mai (Lusa) - Uma criança pequena trabalha diariamente na escola tantas horas como um adulto e ainda leva trabalho para casa, um excesso que preocupa especialistas e deixa angustiados muitos encarregados de educação, que pedem que em casa os deixem ser apenas pais.
Publicada por M Jose Araujo à(s) 05:09 0 comentários
Excesso de TPC - Crianças trabalham tanto como adultos
Como todos sabemos, à maioria das crianças são propostos como “trabalhos de casa” tarefas que incluem cópias de textos, repetições de palavras (várias vezes), fichas com contas e problemas diversos que na maior parte das vezes se limitam a reproduzir os conteúdos dos livros ou o que eventualmente foi feito e explicado na aula.
Para a criança ou para o adolescente, o trabalho escolar, com tudo o que ele comporta de actividade, representa o exacto equivalente ao trabalho profissional de vida de um adulto. Mas, enquanto a duração do trabalho profissional exige um grande descanso para a maioria dos adultos, o trabalho escolar é cada vez mais desenvolvido tanto dentro como fora da sala de aula. Há mais de 20 anos que se denuncia este excesso de trabalho e os consequentes malefícios físicos, psicológicos e morais para as crianças. Sabe-se que, para a maior parte dos adolescentes, a vida é dividida segundo um esquema condenado por todos os que se têm dedicado ao assunto e que se traduz em trabalho excessivo, que deveria ser seguido de repouso.
Maria JoseAraujo - Os adultos trabalham quase tanto como as criancas - artigo completo
In Virtus
Jornal Publico
SOL
Crianças "deviam brincar em vez de fazer trabalhos de casa" - SIC online
DESTAK
Publicada por M Jose Araujo à(s) 02:30 0 comentários
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