sábado, 20 de outubro de 2012

Porquê ler livros? por Manuel A.Pina

Ler um livro não é mais importante que ver, por exemplo, um filme, é apenas diferente. Só que é nessa "diferença" que está tudo, ou quase tudo. Não só a liberdade de leres o livro como quiseres, de trás para diante ou de diante para trás, de voltares ao princípio ou de o fechares e recomeçares a lê-lo no dia seguinte, mas também a liberdade de te leres a ti mesmo nele, de imaginares tu (por mais pormenorizadamente que o autor os descreva) cada personagem, cada lugar, cada acontecimento. E de, nele, viajares, na companhia das palavras do escritor, por mundos reais e imaginários, dentro e fora de ti, que só a ti pertencem, indo e vindo como e quando quiseres entre esses mundos e o teu mundo de todos os dias. Porque, num livro, só aparentemente é o escritor quem conduz a história, na realidade tu é que vais ao volante, a história ou poema que lês é mais teu e dos teus sentimentos e tuas emoções que dos do escritor. De tal modo que, se voltares a ler o mesmo livro passado muito tempo, o livro já se transformou, já é outro, só porque tu também já te transformaste e já és também outro. É por isso que se diz que todos os livros são sempre muitos diferentes livros, tantos quantos as pessoas que os lerem ou tantos quantas as vezes que uma mesma pessoa os ler. E isso é uma coisa maravilhosa, descobrir que nós, com a nossa imaginação e o nosso coração, é que estamos a escrever os livros que lemos.

Manuel António Pina
Um texto especialmente dirigido aos estudantes do projecto Fenix e publicado no Jornal Fenix


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Crianças do 1.º ciclo "trabalham" tanto ou mais do que os adultos

Muitas crianças portuguesas entre os seis e os dez anos trabalham como alunas tanto ou mais do que os adultos, com oito horas diárias na escola a que muitas vezes acrescem trabalhos de casa "A vida das crianças a partir dos seis anos não pode funcionar só a partir da escola. A escola é muito importante, mas a educação informal e os momentos de lazer e o brincar são fundamentais" Vendo o tempo médio de trabalho de um adulto, entre 37,5 e 40 horas semanais, percebe-se que muitas crianças trabalham no seu ofício de alunas tanto como um trabalhador adulto. Contudo, enquanto o trabalho profissional dos adultos é seguido de descanso para a maioria das pessoas, o trabalho escolar é cada vez mais desenvolvido dentro e fora da sala de aula. Repetir em casa o que se fez na escola, prolongando o tempo de trabalho escolar, é um dos erros que se tem vulgarizado Os TPC, a existirem, devem ser feitos na escola, eventualmente no apoio ao estudo e nada mais, até porque representam muito em termos de tempo que ocupam, mas muito pouco em termos de estímulos cognitivos.

"TPC" e estudar é a mesma coisa?

Estudar tem de ter a adesão voluntária das crianças. Deve ser algo que elas percebam e por que se interessem. Perceber que conhecer, aprender e ter a possibilidade de participar no mundo de uma forma informada é algo estimulante, e as crianças gostam deste sentimento. Estudar é perceber mais e melhor... não é repetir o que os adultos impõem. O conceito de estudar é muito confuso para as crianças e elas só o vão percebendo com o decorrer da escolaridade e à medida que se vão confrontando com outras situações – como, por exemplo, estudar a tabuada, estudar para um teste – e, mesmo assim, tudo isso depende delas. A função de estudar, não sendo uma operação muito concreta, é algo que não é muito claro para as crianças nem, provavelmente, para os adultos com quem convivem. As crianças têm múltiplos interesses que são desprezados em função da “matéria escolar”. Todos sabemos disto - o que muitas vezes não sabemos é o que fazer para corrigir esta desatenção. Neste sentido, se se confundir TPC com estudar, estamos a dizer às crianças que estudar é aquele trabalho repetitivo, cansativo e mecânico que é proposto na maior parte dos TPC. É muito importante que se entenda isto, senão é o conhecimento e a própria Escola que estamos a desvalorizar.

Acabar com os TPC sim ou nao?

Hollande quer acabar com trabalhos de casa no ensino francês Uma das estratégias do Presidente francês, François Hollande, para a área da educação passa por abolir os trabalhos de casa. A medida não é inédita e está prevista na legislação de vários países – ainda que as escolas acabem por continuar a marcar actividades para os alunos fazerem fora da escola. Toda a noticia E em Portugal? Esta polemica dos "TPC" nao tem sido suficientemente discutida. Porque nao acabar com o "TPC" repetitivos?

domingo, 14 de outubro de 2012

Nao deixar a vida fora da escola

O ano lectivo que estamos agora a começar é mais um ano em que a nossa sociedade propõe às crianças – que frequentam o lº ciclo do ensino básico-, uma educação dirigida principalmente à sua razão, em detrimento da sua afectividade e de toda a riqueza das expressões que são garantia de um desenvolvimento mais completo do conjunto das faculdades humanas. Expressão é a própria vida, dado que toda a natureza humana pode ser considerada expressiva. Para Arno Stern (1), o termo qualifica muitas coisas diferentes e, de uma maneira geral, os educadores querem explicar tudo o que acontece com a criança, porque lhes custa acreditar na acção educativa libertadora que reabilita sem passar por uma interpretação, sem passar por um diagnóstico que conduza a receitas pedagógicas; mas na actividade criativa há coisas que não se explicam. As crianças têm normalmente necessidade da expressão plástica, de desenhar, para enunciarem o que não conseguem confiar à expressão verbal e, se admitirmos este facto como princípio justificativo da sua actividade criadora, a expressão “livre” nunca será colocada em causa. “Compreender a arte infantil é saber porque se exprime a criança, como se exprime e o que exprime” (Stern, s/d: 6). (...) PLATAFORMA BAROMETRO SOCIAL - FLUP Artigo completo

Crianças em risco

Reportagem na RTP 1
http://www.rtp.pt/play/p35/e95561/jornal-da-tarde/262110 Dados do SOS criança mostram que há mais pedidos de ajuda das proprias crianças. Ligam para ter alguém com quem desabafar, alguém que as possa ouvir e ajudar. Porque não prestamos mais atenção aos mais pequenos?

A autoridade não se impõe, conquista-se

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