domingo, 25 de maio de 2014

As crianças e a educação, ou a construção de novos sujeitos políticos por: Hugo Monteiro e Maria José Araújo

(...)

O discurso educacional preponderante foi amplamente alicerçado numa construção sólida e exclusiva da vida adulta como idade da razão. A idade adulta pensa-se, neste seguimento, como negação e recalcamento da infância, assim como a infância é tida como anteposta transgressão da idade adulta, com a educação como móbil desta superação.
O adulto é visto como evolução da infância, evolução esta gerada, acelerada e possibilitada pelos processos de educação. A educação produziria o adulto, num processo de humanização que arranca o ser humano do estado de natureza, concretizado na criança que começa por ser. E assim se inventa o “ofício do aluno”.


(...)
Ser-se amigo das crianças é saber-se que na voz de cada um/a há uma capacidade de construção e de crítica que é preciso acolher, indagando e acarinhando o seu potencial de invenção;
Ser-se amigo das crianças é deixar que as palavras, as coisas, as realidades se transformem na liberdade que lhes é própria e devida;
Ser-se amigo das crianças é deixar fluir essa dose de incalculável que nelas habita, e que excede desde logo qualquer intenção domesticadora e qualquer posição subalterna;
Ser-se amigo das crianças é, em suma, desobstruir a sua participação em tudo o que está por fazer, por inventar e por construir de novo.
Tal amizade passa, claro está, por assumir a criança como (novo) sujeito político, num processo tão potencialmente disruptivo quanto qualquer processo político verdadeiramente sério e democrático.

Texto completo na pagina 95
http://www.revistavirus.net/images/PDF/virus5.pdf

Brincar a ler é fazer teatro e contar histórias


à conversa


- Eu acho que é muito importante ler. Se eu não soubesse ler, quando o meu namorado me escrevesse, toda a gente ficava a saber os meus segredos. - Como é que eu podia ler histórias aos meus filhinhos antes de eles irem para a cama?
- Ler é uma coisa muito especial, porque nós podemos ver quem morre nos jornais ou até procurar casa. E até podemos saber notícias de outros países e de outras cidades. - Se eu não soubesse ler não podia fazer bolos, porque não sabia ler a receita.
- E tu Jorginho? Achas que é importante ler? - Eu acho que é muito bom ler e até me faz muita falta. O meu irmão não sabe ler e eu tenho de o ajudar nos deveres. - Se eu não soubesse ler não podia ir às compras com a minha mãe – diz o Carlos. - A minha avó não sabe ler, só sabe ouvir e às vezes eu conto-lhe histórias. Ela fica muito contente de eu saber ler e até me faz festinhas na cabeça quando eu lhe leio algumas partes do meu livro. Um dia ela até chorou.
Brincar a ler é fazer teatro e contar histórias.

(grupo de crianças do projecto Biblioteca Popular “À Procura da Aventura”)

Gosto muito da minha rua


A minha rua

Eu gosto da minha rua Eu não saía da minha rua nem que dessem 200 contos. Tenho tudo na minha rua, porque tenho muitos amigos e
Também fazemos muitos jogos...
(Maria Luísa)

Gosto tanto de brincar


No recreio

No meu recreio eu gosto muito de brincar ao lencinho e aos saltinhos em altura. Tem uns murinhos e eu ... salto. É perigoso, eu sei .... e é proibido. A minha professora não deixa ....a minha mãe também não. Mas eu gosto muito.

(Diogo 6 anos )

A autoridade não se impõe, conquista-se

Arquivo do blogue