segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ainda os TPC

Um dos problemas dos TPC é que dá a ideia de que qualquer pessoa pode ensinar as crianças. Não é qualquer pessoa que ensina a estudar, porque não é fácil e exige formação na área da infância e competências específicas nas matérias a ensinar. Exige conhecer as crianças, mas também vontade de as entender, disponibilidade para as ouvir e para compreender o modo como elas aprendem e valorizam o que aprendem.

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Entrevista de Sara Oliveira para o EDUCARE
9 Nov 2009

E o tempo para brincar ?

As crianças trabalham hoje 40 a 45 horas semanais. (...) E o tempo para brincar?

P: Que opções erradas estão a prejudicar os nossos filhos? São opções dos pais ou do sistema educativo?
MJA: Estamos a sobrecarregar muito as crianças em função da socialização escolar para resolver problemas que são dos adultos e não das crianças. Não acho que seja preciso arranjar culpados. Temos é de perceber o que andamos a fazer e respeitar o tempo da infância como um tempo que tem de ser vivido em função dos interesses das crianças e não dos problemas dos adultos.

Entrevista de Ana Esteves 2009/11/06
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Direito a Falar ... Com o dedo no ar

Conferencia a propósito dos 20 anos da "Convenção dos Direitos da Criança" adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas

16h00-17h00 – Lançamento da obra “Crianças Ocupadas” (de Maria José Araújo)
Comentários ao livro por João Teixeira Lopes

17h00-18h30 - Conferência: "Direito a falar... com o dedo no ar"
Maria José Araújo
João Teixeira Lopes

Local : Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Anfiteatro 1)Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto http://www.letras.up.pt/
Organização: Instituto de Sociologia

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Furar o Cerco

Furar o Cerco
Como convencer os adultos que brincar é importante

Palavras e desenhos : Crianças da Escola EB1 JI do Cerco do Porto

Brincar não tem um tempo, é quando se quer - Rita
Brincar é comunicar e encontrar amigos - Rui
Eu gosto de brincar com o meu pensamento - André
Direito a explicar quando não nos compreendem - João
Direito a falar ... com o dedo no ar - André
Direito a ser ouvido - Clara

Não ter de comer não é justo
É bater ou apanhar que é proibido? - Cátia

Sonhar não precisa de ser direito pois não? Nós estamos sempre a sonhar...! - Ana

Estas são apenas algumas das palavras que fazem parte deste livro organizado a propósito dos 20 anos da "Declaração Universal dos Direitos da Criança"

Texto de Maria José Araújo - Ilustração: Catarina Mendes
Colaboração : Beatriz Gonçalves, Bruno Rodrigues, Pedro Mota,Francisco Soeiro, Vitor Martins e Vitalia S.
Novembro 2009 No prelo

No Fear. Growing up in a risk averse society

Focusing on the crucial years of childhood between the ages of 5 and 11 - from the start of statutory schooling to the onset of adolescence. No Fear advocates a philisophy of resilience that will help counter risk aversion and strike a better balance between protecting children from genuine threats and giving them rich, challenging opportunities through which to learn and grow.
Tim Grill
Calouste Gulbenkian Foundation


"Children in the past have been assumed to have capabilities that we now rarely think they have... So fixated we are on giving our children a long and happy childhood that we downplay their abilities and their resilience"
The Invention of Childhood H. Cunningham (London BBC Books 2006)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

RODRIGUES, Maria (1999) Pelo Direito à Cidade : O movimento de moradores no Porto. Porto: Campo da Letras.

Um estudo sobre a energia que animava as práticas colectivas de uma democracia participativa que resultava da convicção e empenho das acções das comissões de moradores por um alojamento digno e melhores condições de vida quotidiana para as famílias pobres. As “Comissões e Associações de Moradores foram percursoras do que viria a ser estipulado pela Lei de Bases do Sistema Educativo, que, em consonância com a constituição de Abril de 1976, definiu princípios propiciadores da interligação entre as escolas e as comunidades locais” . O valor dessas iniciativas, cujos destinatários eram sobretudo indivíduos oriundos de estratos sociais carenciados, residiu fundamentalmente nas metodologias utilizadas pelos formadores, que rejeitando formas académicas de transmissão de conhecimentos lançaram um modo interactivo de trabalho pedagógico, oposto ao modelo transmissivo predominante nas práticas pedagógicas da escola institucional”.
Este trabalho é um bom exemplo de como a valorização da função pedagógica da cultura e a afirmação da dimensão política das práticas culturais tinha em conta as experiência de animação no “tempo livre” das crianças como algo que contemplava não só a sua participação activa, mas também os seus interesses, necessidades e até o contexto local. Uma realidade que se foi modificando ao longo do tempo. Hoje o tempo das crianças foi, do nosso ponto de vista, institucionalizado pervertendo o efeito, então previsto, que era criar um espaço em que o tempo das crianças se tornasse um tempo com mais qualidade e liberdade do que aquele que elas teriam se ele não existisse.

Meninos de Ninguem - Apresentaçao na Belgica

No próximo dia 5 de Novembro, pelas 18h30, será apresentado o Livro de Ana Cristina Pereira " Meninos de Ninguém" na Livraria Orfeu - Bélgica

Mais informações

Ana Cristina Pereira conta-nos 18 histórias de jovens e crianças que a vida maltrata todos os dias. Histórias verdadeiras, de pessoas como nós, que preconceituosamente julgamos e nem sempre entendemos.


"Ana Cristina Pereira estudou Comunicação Social na Universidade do Minho. É jornalista do Público desde 1999. Dedica-se, sobretudo, às temáticas de exclusão social, como a pobreza, os tráficos, as dependências, as piores formas de trabalho infantil, a delinquência juvenil, a violência intrafamiliar, a reclusão, as migrações e as minorias. Meninos de Ninguém é o seu primeiro livro"

sábado, 31 de outubro de 2009

O que pesa mais na avaliação das AEC ?

Todas as medidas precisam de ajustes e de um tempo para ver como podem funcionar. Os estudos sobre as AEC não se fazem para dizer que funcionam bem ou mal. Fazem-se para perceber e dar pistas. Para se poderem fazer reajustes... para se poder melhorar as condições do que se faz.

No caso das actividades que as crianças fazem a avaliação é sobretudo importante para percebermos como podemos melhorar a qualidade do tempo que as crianças passam na escola. É essencial perceber e ser crítico . Ser crítico é querer que se faça sempre melhor.

O projecto da Escola a Tempo Inteiro não acaba por responder a uma necessidade das famílias ao democratizar as funções de guarda?

A Escola estar aberta todo o dia é uma medida socialmente útil e importante para os pais. A questão não é se a medida é boa ou má. A questão é se tem uma influência positiva nas crianças. É preciso perceber o impacto destas medidas na vida das crianças.
As AEC’s são um assunto de grande complexidade. A atenção do senso comum centra-se muito no tipo de actividades propostas pelo Ministério em parceria com as autarquias e na tema da segurança enquanto a questão de fundo fica sempre por resolver. Será que temos o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de Escola? O contrário de tempo livre não é tempo ocupado, como muitas vezes se diz. Porque o tempo pode ser ocupado com liberdade (quando as crianças podem ter uma palavra decisiva na escolha da sua ocupação) e sem liberdade (quando as crianças são vítimas de uma imposição ou escolha a que são totalmente alheias). Para tempo não livre já temos as aulas, e é normal que assim seja. Depois das aulas é bom que o tempo livre seja mesmo livre. Não faz sentido prolongar de tal modo as suas ocupações e obrigações que não lhes deixamos tempo para brincar e descansar. Para serem crianças... Estas são algumas das questões sobre que conversei com os educadores.

As crianças podem e devem fazer tudo o que for importante para elas, desde que lhes seja garantida a oportunidade de escolher. Aliás, detestam estar sem fazer nada. E, para algumas delas, a única hipótese de ter essas actividades é mesmo na escola. E é justamente por isso que temos de ser muito exigentes em relação à forma como essas actividades são sugeridas e implementadas, para que elas as possam aproveitar plenamente.

Democratizar não é fechar as crianças em espaços e obrigar todas as crianças a fazer tudo da mesma maneira.


Maria José Araújo In (JUP Outubro 09)

AEC - contra ou a favor?

Muitas pessoas, a propósito do livro "Crianças Ocipadas" me têm perguntado: contra ou a favor ?


Não acho que ser contra ou a favor seja a questao.

Eu não sou contra as actividades Sou a favor de actividades que respeitem as crianças. No caso das AEC é preciso fazer uma avaliação qualitativa que permita levantar os problemas e dar soluções.

Há que discutir esta questão de vários pontos de vista:
social - boa medida para os pais que estão descansados enquanto trabalham;
pedagógico - se as crianças puderem aproveitar e escolher;
politico - como medida educativa que promove condições de aprendizagem;
jurídico - do direito das crianças;
do trabalho - trabalho escolar das crianças e do emprego dos professores

Ser crítico em relação a:
A designação - de Enriquecimento Curricular (desvalorizando as
expressões e valorizando o curriculo formal)

Os espaços - ambiente sempre igual que provoca cansaço
A organização - tem de se pensar se módulos de 45 minutos é bom para as crianças.

A forma como são trabalhadas com as crianças as áreas de expressão. Pois muitas vezes o facto de terem uma organização rígida deixam para as crianças muito pouco espaço para se exprimirem.

A obrigatoriedade - As crianças têm de ficar na escola, no seu
tempo livre, porque os pais trabalham. Podem não frequentar? Podem não fazer as
actividades no caso de não quererem ou estar cansadas. Que alternativas?

A avaliação (por vezes é feita por empresas. Tem de se garantir que essas empresas têm profissionais da infância com competência para fazer este tipo de avaliação).

É preciso perceber o impacto destas actividades na vida das crianças.


Quanto aos professores e seus contratos essa questão é do foro do
trabalho (emprego) e das condiçoes, que têm de haver, para que as
crianças tenham um tempo na escola mais proveitoso. E da dignidade que
é preciso ter para que os profissionais da educação sejam tratados.


Maria José Araújo

A autoridade não se impõe, conquista-se

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