segunda-feira, 2 de novembro de 2009

RODRIGUES, Maria (1999) Pelo Direito à Cidade : O movimento de moradores no Porto. Porto: Campo da Letras.

Um estudo sobre a energia que animava as práticas colectivas de uma democracia participativa que resultava da convicção e empenho das acções das comissões de moradores por um alojamento digno e melhores condições de vida quotidiana para as famílias pobres. As “Comissões e Associações de Moradores foram percursoras do que viria a ser estipulado pela Lei de Bases do Sistema Educativo, que, em consonância com a constituição de Abril de 1976, definiu princípios propiciadores da interligação entre as escolas e as comunidades locais” . O valor dessas iniciativas, cujos destinatários eram sobretudo indivíduos oriundos de estratos sociais carenciados, residiu fundamentalmente nas metodologias utilizadas pelos formadores, que rejeitando formas académicas de transmissão de conhecimentos lançaram um modo interactivo de trabalho pedagógico, oposto ao modelo transmissivo predominante nas práticas pedagógicas da escola institucional”.
Este trabalho é um bom exemplo de como a valorização da função pedagógica da cultura e a afirmação da dimensão política das práticas culturais tinha em conta as experiência de animação no “tempo livre” das crianças como algo que contemplava não só a sua participação activa, mas também os seus interesses, necessidades e até o contexto local. Uma realidade que se foi modificando ao longo do tempo. Hoje o tempo das crianças foi, do nosso ponto de vista, institucionalizado pervertendo o efeito, então previsto, que era criar um espaço em que o tempo das crianças se tornasse um tempo com mais qualidade e liberdade do que aquele que elas teriam se ele não existisse.

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