O recreio na escola é um espaço importante enquanto descanso das aulas mas não pode ser
percepcionado somente como espaço para pausa pois, para as crianças, representa
a possibilidade de interagirem umas com as outras, de construírem e
reconstruírem as suas formas de cultura lúdica.
Os investigadores que
participam em congressos e seminários sabem que é assim, já que a sua própria
experiência lhes demonstra a importância das relações que se estabelecem, da
interacção e das trocas de experiências e de opiniões que se efectuam
precisamente durante os intervalos daqueles eventos, e que constituem momentos
muitas vezes tão ou mais importantes para o nosso trabalho do que as sessões
formais em que ouvimos as comunicações. Todos sabemos que os nossos intervalos
não são meras pausas. Por que haveriam de ser os intervalos meras pausas para as crianças?
A criança constrói a sua cultura brincando, e o
conjunto dessa sua experiência é adquirido pela participação nos jogos e nas
brincadeiras com os colegas, olhando para os mais velhos. Substituir o recreio
por actividades organizadas não ajuda à
interação entre os grupos de crianças, tão essencial por motivos sociais e
cognitivos.
Os educadores sabem que brincar é importante para as crianças e sabem que o recreio é um direito previsto na lei. Se queremos crianças que respeitam a escola e as atividades escolares temos que começar por respeitar os seus direitos.
Assim, aos pais que me colocaram a questão:
O que fazer quando o meu filho fica a fazer TPC na hora do recreio?
O que fazer quando o meu filho fica a fazer TPC na hora do recreio?
A resposta é simples: perguntar ao professor se gostaria de ficar sem a pausa dele.
Talvez seja útil, também, perceber que fazer TPC não pode ser castigo. Ou queremos que as crianças pensem que fazer trabalho escolar é um castigo?
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