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O discurso educacional preponderante foi amplamente alicerçado numa construção sólida e exclusiva da vida adulta como idade da razão. A idade adulta pensa-se, neste seguimento, como negação e recalcamento da infância, assim como a infância é tida como anteposta transgressão da idade adulta, com a educação como móbil desta superação.
O adulto é visto como evolução da infância, evolução esta gerada, acelerada e possibilitada pelos processos de educação. A educação produziria o adulto, num processo de humanização que arranca o ser humano do estado de natureza, concretizado na criança que começa por ser. E assim se inventa o “ofício do aluno”.
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Ser-se amigo das crianças é saber-se que na voz de cada um/a há uma capacidade de construção e de crítica que é preciso acolher, indagando e acarinhando o seu potencial de invenção;
Ser-se amigo das crianças é saber-se que na voz de cada um/a há uma capacidade de construção e de crítica que é preciso acolher, indagando e acarinhando o seu potencial de invenção;
Ser-se amigo das crianças é deixar que as palavras, as coisas, as realidades se transformem na liberdade que lhes é própria e devida;
Ser-se amigo das crianças é deixar fluir essa dose de incalculável que nelas habita, e que excede desde logo qualquer intenção domesticadora e qualquer posição subalterna;
Ser-se amigo das crianças é, em suma, desobstruir a sua participação em tudo o que está por fazer, por inventar e por construir de novo.
Tal amizade passa, claro está, por assumir a criança como (novo) sujeito político, num processo tão potencialmente disruptivo quanto qualquer processo político verdadeiramente sério e democrático.
Texto completo na pagina 95
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