sábado, 5 de outubro de 2013

Brincar é insubstituível

"Brincar fora de casa, na natureza, é insubstituível [para o desenvolvimento das crianças]", sublinhou o médico pediatra Luís Januário, no congresso que decorre na Alfândega do Porto, em que criticou a actual "cultura de segurança fóbica" e a "organização estereotipada dos espaços" criados para o lazer dos mais novos. "Não se pode negar às crianças a oportunidade de se envolverem em actividades de risco".

Todo a noticia

Congresso Nacional de Pediatria

sábado, 21 de setembro de 2013

Se a Educação se gerisse administrativamente podíamos colocar em lugar do ministro um programa informático.


Necessidades Educativas Especiais: Um mundo numa frase.

Por David Rodrigues - Publico 17 Set 2013

Há um provérbio chinês que diz que “se pode ver o mundo numa folha de chá”. Entende-se o sentido: o infinitamente pequeno tem características em tudo semelhantes ao que é bem maior e assim se encontra um sentido unificador para todo o mundo.

Há alguns dias, o ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, numa entrevista televisiva pronunciou-se – diríamos finalmente – sobre os alunos com necessidades educativas especiais (NEE). Entre outras coisas disse textualmente: “Estão integrados na turma mas na verdade não estão. Naturalmente o que acontece naquele caso concreto é que aqueles alunos pertencem à turma mas dadas as suas necessidades eles não convivem com os alunos daquela turma. Portanto é muito mais uma questão administrativa do que outra”.

Esta simples frase, como a folha de chá, é bem ilustrativa de um pensamento global e de uma lógica de acção face à educação de alunos com dificuldades. Vamos analisar só três aspetos da frase:

1.       “Estão integrados na turma mas na verdade não estão”. To be or not to be… eis a questão. Mas afinal estão integrados ou não estão? Quer dizer… no papel “eles” integram a turma mas na realidade é só de “faz de conta”.  A turma é uma coisa e os alunos com NEE são outra… Não é difícil continuar o raciocínio: seria uma estultícia considerar que alunos com dificuldades fazem parte da turma, que estão integrados na turma. A verdade, é que não estão e isto “da integração” é só para visionamento turístico. Bem difícil entender este raciocínio quando Portugal há mais de 20 anos tem seguido uma política de Inclusão (não de “integração”) em que se considera que a presença de alunos com dificuldades na sala de aula é um fator que não só os beneficia a eles por estarem num meio mais estimulante e com maiores expectativas, mas também os restantes alunos que aprendem conteúdos, estratégias e valores com este ambiente inclusivo.

2.       “Dadas as suas necessidades não convivem com os alunos daquela turma”.  Mas as suas necessidades incluem a ausência de convívio? Hoje não é sequer posto em causa que os ambientes mais estimulantes têm um papel de extraordinária importância no desenvolvimento de todos os alunos e em particular daqueles que mostram ter mais dificuldades na aprendizagem. Portanto, se têm necessidades acrescidas, espera-se que a convivência e a interação com outros alunos sejam ferramentas fundamentais para potenciar o seu desenvolvimento. Dizer que não convivem por causa das suas necessidades é encarar as “suas necessidades” como inelutáveis e considerar que o convívio se deve passar só “entre iguais”.  Aqui voltamos a estar a muitas léguas do que se pensa e do que se sabe sobre a promoção de ambientes inclusivos.
3.       “Portanto é mais uma questão administrativa do que outra”. Este é sem dúvida um argumento no qual se baseia muita da política educativa do presente. Quando se reivindicam mais meios, mais apoios, mais professores, mais serviços, a resposta é que “administrativamente” tudo está certo: os rácios, os lugares preenchidos, etc. Esta lógica “administrativa” procura desarmar a contestação: se tudo está conforme os ditames administrativos afinal qual é o problema? O problema é muito simples e é fácil de explicar a pessoas com formação de Economia. A Economia é uma Ciência Humana e a Contabilidade não é. Quer dizer que quando se pensa na dinâmica das instituições ou das sociedades, tem que se levar em conta muito mais fatores do que a lógica “administrativa”. Se a Educação se gerisse administrativamente podíamos colocar em lugar do ministro um programa informático. Mas não podemos. Dizer que a colocação de alunos e a sua participação é uma questão administrativa é portanto um grande empobrecimento da riqueza do debate.

Através destes três comentários de uma frase do responsável maior da Educação no nosso país, vemos quanto caminho é preciso andar. É preciso andar muito de onde estamos e será preciso andar ainda muito mais se o ponto de partida for deslocado lá para  trás. Ao arrepio do que se sabe, do que se  pratica, da legislação portuguesa em vigor e dos compromissos internacionais que assumimos. Queremos acreditar que não e para isso contamos com os professores, com os pais, com as famílias, com as comunidades para resistir a este encolhimento e adulteração do conceito inclusão.


Todo o artigo

David Rodrigues é Professor Universitário e Presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial.

sábado, 31 de agosto de 2013

Parques infantis - lugares de brincadeira e bem-estar






Playgrounds are places where children can slide, swing, jump, skate, climb and do all those things which their motor control development requires. Furthermore, the social skills which children acquire on the playground develop into capabilities which they take with them into adulthood. Studies show that playgrounds are among the most important locations for young people outside the settings of home and school. This title is dedicated to the international "kidscapes“ of today and presents the most innovative concepts and current trends of this demanding area of design. The projects lead to the knowledge that constructive collaboration on the part of architects and designers, landscape architects and municipal planners, artists and toy manufacturers is the key to the well-being of the children



Parques infantis são  lugares onde as crianças podem escorregar, balançar, pular, andar de skate, escalar e fazer todas aquelas coisas que o seu desenvolvimento exige. Além disso, as habilidades  e capacidades sociais que as crianças adquirem brincando no contacto com a natureza permanecem até à vida adulta. 

Este é um assunto da maior relevância que, eventualmente poucos se atrevem a negar mas que está longe de ser uma realidade.

Este é mais um livro a não perder.

O MITO dos TPC

So why do we continue to administer this modern cod liver oil-or even demand a larger dose? Kohn’s incisive analysis reveals how a set of misconceptions about learning and a misguided focus on competitiveness has left our kids with less free time, and our families with more conflict. Pointing to stories of parents who have fought back-and schools that have proved educational excellence is possible without homework-Kohn demonstrates how we can rethink what happens during and after school in order to rescue our families and our children’s love of learning.

O Mito do mais do mesmo.
Quanto tempo mais vamos fechar os olhos a esta questão?

Trabalhos Para Casa (TPC)

Alunos portugueses são os que mais se sentem pressionados pelos TPC


Será que os trabalhos para casa (TPC) são imprescindíveis no percurso escolar e de vida das crianças e jovens no seu papel de alunos ou a sua importância não compensa o tempo que "rouba" ao convívio familiar e aos momentos de brincadeira?



Os alunos portugueses com 15 anos são dos que mais pressão dos trabalhos de casa sentem, sendo ultrapassados apenas pelos jo- vens da Turquia. A conclusão é do relatório Health Behaviour in School-Aged Children, da Organi- zação Mundial de Saúde.

 Reportagem de Elisabete Cruz - pag 4

TPC - Jornal de Leiria


Report/relatorio

Create an outdoor learning program



Transform outdoor spaces into learning environments where children can enjoy a full range of activities as they spend quality time in nature. This book is filled with guidance to help you plan, design, and create an outdoor learning program that is a rich, thoughtfully equipped, natural extension of your indoor curriculum. Loaded with practical and creative ideas, it also includes information to help youUnderstand how outdoor classrooms benefits children’s learning and developmentCollaborate with other teachers, administrators, and families to make your outdoor classroom a realityCreate development and action plans to strategize and implement changesEvaluate your outdoor environment, program, and practices 

Cultivating Outdoor Classrooms promotes the idea that if you can do it indoors, you can probably do it outside as well.

PRENDRE SOIN. Savoirs, pratiques, nouvelles perspectives



L’acte de « prendre soin » est sans doute l’un des plus vieux gestes effectué envers l’autre. Avec lui, l’altérité et l’identité interagissent et se transforment chez le soigné comme chez le soignant. Selon les époques, les pays et les cultures, il prend différents visages.

Cependant, au-delà de la santé et du bien-être, la question du « prendre soin » permet d’appréhender, dans leur unité et dans leur diversité, une variété de situations allant des actes les plus ponctuels aux enjeux éthiques, politiques et prospectifs les plus vastes puisqu’ils concernent même les risques écologiques pesant sur la planète.

Face à l’allongement de la vie et aux vulnérabilités qui affectent les personnes en situations de précarité, les savoirs et les pratiques du « prendre soin » doivent être réinterrogés afin que soient déterminées les conditions à remplir pour devenir des compétences-clefs d’un monde plus durable et plus solidaire.

(...)

Collection Colloque de Cerisy - Société
Date de publication : 2013

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Qual a prioridade da escolarização?

As Artes e a Vida numa Escola de tolerância

O ano lectivo que estamos agora a começar parece ser mais um ano em que a nossa sociedade propõe às crianças – que frequentam o lº ciclo do ensino básico-, uma educação dirigida principalmente à sua razão, em detrimento da sua afectividade e de toda a riqueza das expressões que são garantia de um desenvolvimento mais completo do conjunto das faculdades humanas. Expressão é a própria vida, dado que toda a natureza humana pode ser considerada expressiva. Para Arno Stern (1), o termo qualifica muitas coisas diferentes e, de uma maneira geral, os educadores querem explicar tudo o que acontece com a criança, porque lhes custa acreditar na acção educativa libertadora que reabilita sem passar por uma interpretação, sem passar por um diagnóstico que conduza a receitas pedagógicas; mas na actividade criativa há coisas que não se explicam. As crianças têm normalmente necessidade da expressão plástica, de desenhar, para enunciarem o que não conseguem confiar à expressão verbal e, se admitirmos este facto como princípio justificativo da sua actividade criadora, a expressão “livre” nunca será colocada em causa. “Compreender a arte infantil é saber porque se exprime a criança, como se exprime e o que exprime” (Stern, s/d: 6).

Todo o texto
http://barometro.com.pt/archives/756

sábado, 17 de agosto de 2013

O castigo dos manuais escolares


Em noticia de ontem na comunicação social ficamos a saber que o ME (Ministério da Educação) quer que os estudantes mais pobres, com apoio social escolar, entreguem os manuais no final do ano lectivo ou podem ficar sem apoio no próximo ano. A ser verdade o teor da noticia, o que parece estar em causa é uma regra comportamentalista e não uma sugestão de reutilização dos manuais por razões que todos reconhecerão como válidas:defesa da natureza, combater o despesismo, ajuda e cooperação entre estudantes, etc 

Algo que as instituições escolares não só incentivam há muitos anos, como vão lembrando ao longo de todo o ano lectivo.

Faz todo o sentido reutilizar os manuais e assim incentivar o que sempre tem sido feito que é a cooperação entre toda a comunidade educativa. Acaba o ano escolar e há um espaço na escola onde todos os alunos deixam os manuais e materiais que já não precisam para que outros possam usar. 
Esta pratica é aliás seguida por bibliotecas e centros de actividades de tempos livres entre outras instituições.

Não poderia o ME ter lembrado? Não era suficiente ou até interessante valorizar que tantas instituições têm feito?

É mesmo verdade que fizeram uma lei em que os pobres que precisam de apoio social escolar entregam o manual ou deixam de ter apoio ?

O ensino é obrigatório e é por ser obrigatório que muitas famílias põe os filhos na escola e o Estado se compromete a criar condições de sucesso. E isso interessa a todos, ou devia interessar.
Os manuais deviam, aliás, ser gratuitos no Ensino público estar online. Como são já alguns no lº Ciclo que o próprio ME disponibiliza.  Como são em muitos países por esse mundo fora que quer que os cidadãos sejam cultos e interessados pela sua educação e cultura.

Mas não! A ser verdade a noticia ela é feita com rancor...autoritarismo. Ou fazes ou ....Não se educa assim ...
Não se constrói nada assim!
É até difícil perceber o que vai na cabeça e no coração de quem faz leis desta forma. 

Não era mais fácil que os estudantes entregassem os manuais, livros ou outros materiais (mochilas etc) que não precisam para ser reutilizados do que ameaçá-los...ou do que ameaçar os que precisam?


Quando os sindicatos de professores ameaçam com greve o que diz o ME ou o governo?


Olha pró que eu digo mas não pró que eu faço ?


É nas pequenas coisas que ficamos a perceber o que se passa e o que por aí ainda virá.






sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Porque é que as crianças têm déficit de atenção?


Há muitas teorias diferentes sobre esta temática. Na verdade não são só as crianças que têm um déficit de atenção, muito pelo contrário. Aliás, aliar o deficit de atenção à idade escolar é em si um preconceito  já que todas as crianças a partir dos seis anos de idade estão em idade escolar, que se prolonga até ao estado adulto. E, a falta de atenção e concentração não se limita aos mais pequenos. 

Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar  o problema que causa tanto espanto nos adultos e tanto sofrimento na criança ou se estamos perante uma sociedade que tem um sistema escolar desajustado dos seus públicos. Nesse sentido, tem-se percebido que; não é o cérebro da criança, mas o contexto social da criança que deve ser tido em conta quando falamos em falta de atenção dos estudantes na escola.

"Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança."

Ver toda a noticia
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/deficit-de-atencao-nas-criancas-francesas.html

Dicionário feito por crianças revela a adultos um mundo que já esqueceram

“Eles têm uma lógica diferente, outra maneira de entender o mundo, outra maneira de habitar a realidade e de nos revelar muitas coisas que esquecemos”


Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos)
Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos)
Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos)
Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos)
Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos)
Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos)
Colômbia: É uma partida de futebol (Diego Giraldo, 8 anos)
Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos)
Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos)
Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos)
Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos)
Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos)
Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos)
Lua: É o que nos dá a noite (Leidy Johanna García, 8 anos)
Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos)
Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos)
Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra (Luisa Pates, 8 anos)
SolidãoTristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos)
TempoCoisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos)
UniversoCasa das estrelas (Carlos Gómez, 12 anos)
ViolênciaParte ruim da paz (Sara Martínez, 7 anos)


http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/dicionario-de-criancas-colombianas.html

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Afinal o que se pretende com o cheque ensino?

Há, com toda a certeza, muitas razões diferentes. Mas algumas podemos nós, já, adivinhar.

Quem conhece o sistema de ensino e o nosso país sabe muito bem o que significa esta medida.
Mas uma coisa já parece certa, não é a preocupação com as crianças e jovens ou com a educação e o ensino que está em causa:


- abre-se campo à prestação privada com fundos do Estado e impostos dos cidadãos
- destroi-se o serviço público de educação que terá menos alunos
- acentua-se a teoria dos estudantes como capital humano
- olham-se os estudantes como clientes
- acentua-se a ideia da educação como um produto em que o consumidor tem de poder escolher a que quer
- mais ensino para os rankings,  pois submetem-se as escolas à disciplina do mercado competitivo
- mais pressão nas crianças e jovens
- atacam-se os sindicatos professores que são vistos como poderosos, dispendiosos e a dispensar.
etc


Vai haver muita coisa em funcionamento e quem sofrerá serão sempre as crianças e os jovens que serão sempre os objectos de políticas feitas por pessoas que não conhecem, nem querem mesmo saber das consequências desta racionalidade económica que olha o ensino publico e os seus estudantes como "fracos".

Muitos pais olharão esta medida com bons olhos, muitos outros com apreensão. Talvez valha a pena estarem atentos, porque na verdade é da vida dos vossos filhos que estamos a falar.

Afinal o que se pretende com o cheque ensino?
 Pretende-se colocar a escola pública/educação pública no mercado e o Estado demite-se das suas funções.

Talvez se deva perguntar:

Numa altura em que se fazem cortes, porque se oferece dinheiro para mudar de escola?
Porque é que de repente o governo passou a deixar os cidadãos escolher?





segunda-feira, 1 de julho de 2013

De que prescinde a criança para se adaptar à escola?



A escola, seja pública ou privada, tem um papel crucial na sociedade e na socialização das crianças, mas não reconhece como válida a contribuição da criança para a produção de conhecimento, muito embora a escola, enquanto local de trabalho das crianças, constitua, hoje, um requisito específico e estrutural que lhes é exigido para integrar a força produtiva como refere Ana N. Almeida. A entrada para a escola é a entrada para o mundo do trabalho escolar, um mundo com a vida organizada, com horários muito rígidos (muito embora as crianças que frequentam o jardim de infância já ensaiem uma programação complexa), com uma estrutura organizacional tributária da estrutura do mundo produtivo, das formas de divisão de tempo e do trabalho típicas da sociedade industrial, com trabalho muito específico em função do mandato escolar, que exige um tipo específico de comportamento.

As crianças na escola adquirem saberes quer relacionados com as aprendizagens, strictu senso, quer relacionados com o controlo e domínio corporal ou organização do tempo. De uma maneira geral, o problema situa-se na forma como esses saberes são conseguidos: eles não surgem, na grande maioria dos casos, como um saber mais, uma competência mais que é conquistada pela criança, mas como um comportamento adquirido à custa da submissão, da perda da espontaneidade, da energia criativa, prescindindo as crianças da sua autenticidade, aceitando o “adestramento” a que o mestre as submete, como tão bem explicita Foucault (1997)[1].

Para dar resposta àquilo que o adulto espera, a criança tem que prescindir de si mesma para ser integrada na instituição. É esta a grande “violência simbólica”, constitutiva de todo o acto pedagógico como refere P. Bourdieu, que a criança sofre, despindo-se de si para vestir a roupagem de aluno, de preferência dócil, bem comportado e pouco questionador. De escola para escola há diferenças no grau de violência simbólica a que a criança é sujeita, e de professor para professor também, facto que as crianças constatam muitas vezes com perplexidade.

M Jose Araujo



[1] Para aprofundar este assunto ver Michel Foucault (1997). Vigiar e Punir. História da Violência nas Prisões. Petrópolis: Vozes.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ensinar passos a quem vai correr diferente de nós


"Precisamos, pois, de apoiar as escolas e os professores para se adaptarem a uma tarefa de uma grande complexidade e incerteza: a de ensinar os primeiros passos a pessoas que – de certeza – irão correr de forma diferente da deles. Muitos professores sabem fazer isto e muitos outros estão disponíveis e ativos para aprender como se dinamizam processos de aprendizagem cuja finalidade é holística, criativa, apoiada e diversa. E isso é que “normal”(?). David Rodrigues

Todo o artigohttp://www.publico.pt/sociedade/noticia/ensinar-passos-a-quem-vai-correr-diferente-de-nos-1598422

terça-feira, 25 de junho de 2013

A Urgência dos Direitos da Criança


A Urgência dos Direitos da Criança – Encontros de Cidadania

25 de Junho 2013


Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva – Braga




Conversa com Manuel Jacinto Sarmento e M José Araújo
Organização - Civitas - Braga

sábado, 8 de junho de 2013

A child friendly city


WHAT IS A CHILD FRIENDLY CITY ?

The concept of Child Friendly City includes communities and other systems of local governance in the light of a range of experiences that have emerged under the CFC Initiative.

A child friendly city is the embodiment of the Convention on the Rights of the Child at the local level: this means in practice that children’s rights are reflected in policies, laws, programmes and budgets.
In a child friendly city, children are active agents; their voices and opinions are taken into consideration and influence decision making processes. Click here to read more.



A educação escolar está proibida?



Há muitas escolas e muitas pessoas que se preocupam com a escola e a escolarização. Há muitos projectos diferentes que se divulgam todos os dias das mais diferentes formas.


O conhecimento esta sempre em evolução e assim deve, também, estar a escola...
E está!
Em Portugal como noutros países, todos os dias milhares de pessoas, professores, educadores, pais e outros profissionais inventam a escola e a forma como as crianças aprendem. Todos os dias partilhamos experiências e formas de ensinar e aprender. Já não há quem nos obrigue a parar esta luta pela qualidade do trabalho que, cada um de nós, já faz todos os dias na escola.


Um bom exemplo de  : Educação proibida


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Brincar é preciso !

 17 Maio 2013
EB1 Padrão da Légua

Numa sala cheia de pais e mães, avós e avôs, irmãos e irmãs, treinadores futebol infantil, professoras, psicólogas entre outras pessoas,  debateu-se durante quase três horas sobre o significado de aprender e brincar no tempo livre. No decorrer da nossa conversa, foi interessante verificar a forma como nem sempre conseguimos fazer aquilo que sabemos e em que acreditamos. 

As crianças têm direito ao tempo livre mas nós, adultos, não exitamos em preencher esse tempo com actividades atrás de actividades; sabemos que brincar é fundamental mas mesmo assim qualquer actividade estruturada e por nós organizada se sobrepõe ao brincar espontaneo das crianças; sabemos que elas andam cansadas, pressionadas e exaustas com horas e horas de escola... mas depois disso ainda lhes exigimos trabalhos escolares no ATL ou/e casa; sabemos que a actividade física e desportiva é muito do seu agrado, que faz bem e é essencial, contudo se elas tiram más notas na escola da-mos-lhes como castigo não ir ao treino da modalidade desportiva que mais gostam; sabemos e mostramos que sabemos, o significado de castigar as crianças com o conhecimento, mesmo assim lá vem a cópia e as contas  preencher o recreio na escola, como castigo de não estar atenta na aula ou não ter feito os TPC;  sabemos muitas coisas que realmente parece que não sabemos .... porque esses nossos conhecimentos não têm chegado a condutas quotidianas efectivas que nos ajudem a ajudar as crianças a crescer, que nos ajudem a nós resolver as perplexidades, a viver mais tranquilos.

Realmente podemos saber muitas coisas, mas isso não é suficiente: há sempre uma distância entre o saber e o agir. Estamos sempre à espera de traços mais visíveis, adiamos a mudança para mais tarde. O que faz do paradoxo de A. Giddens um indicador do limite crítico do fenómeno da confiança em termos de desencaixe espaço-temporal.

Neste encontro, participado e implicado foi gratificante perceber que muitas vezes só estamos mesmo  à espera de conseguirmos, colectivamente, tomar algumas opções. Quando não estamos sozinhos nas nossas preocupações, quando as dividimos e pensamos em conjunto é sempre mais fácil fazer aquilo em que acreditamos.

No final o treinador da equipe de futebol infantil, levantou-se e disse para a assembleia : obrigada!
Todos foram unanimes que as associações, sejam de pais, sejam de lazer, recreativas etc, são essenciais para que possamos todos, chegar a condutas quotidianas que ajudem a respeitar as crianças ajudando-as assim a respeitar os adultos e os colegas!

A Associação de pais do Padrão da Légua esta de parabéns por mais esta iniciativa.

M Jose Araujo


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Educação e Educações



DEBATE 
Educação e Educações

com:

Angelina Carvalho e Milice Ribeiro dos Santos

dia 18 de Abril às 14 horas

no Auditório da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico do Porto
Rua Roberto Frias no Porto

Entrada Livre


sábado, 13 de abril de 2013

TPC: Trabalhos para casa ou Tortura para casa ?


O Serviço de Pediatria da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) e a  Associação Pediátrica de Viana do Castelo vão organizar, nos dias 19 e 20 de Abril, a XX Reunião Pediátrica de Viana do Castelo. 

A reunião inclui  a realização do II Encontro de Pediatria Comunitária do Minho.
Um dos temas que será discutido nesta reunião serão os polémicos TPC - Trabalhos para Casa

Programa
O programa pode ser consultado AQUI.

Educar e brincar - Debate na Escola de Chouselas - Vila Nova de Gaia




Para muitos adultos e sobretudo no espaço escolar, brincar aparece vulgarmente como actividade “gratuita” ligada à distração e irresponsabilidade das crianças. Mas a atividade, sendo aparentemente “inútil”, é absolutamente necessária para o bem-estar da criança e para o seu desenvolvimento pessoal e social. A criança constrói a sua cultura brincando, e o conjunto dessa sua experiência é adquirido pela participação nos jogos e nas brincadeiras com os colegas, olhando para os mais velhos. 

Foi com esta preocupação que,  numa sala cheia, na Escola EB1 de Chouselas, promovido pela Associação de Pais - Apechouca, decorreu o debate sobre a necessidade de criar condições de espaço e tempo para brincar. 

  • brincar como direito;
  • brincar  como a possibilidade que a criança tem de criar mundos imaginários, nunca deixando de os compreender como tal;
  • brincar como mecanismo que garante à criança, mas também aos adultos, uma certa distância em relação ao real;
  • brincar como actividade dotada de significado social que, ao contrário de outras, precisa de se exercer, praticar e explorar;
  • brincar para brincar ...


Todos nós brincamos e todos pensamos saber o que é mas, na realidade, poucos sabem mesmo. Há muito poucas coisas em que estamos de acordo quando falamos em brincar e muita ambiguidade quando nos referimos ao brincar das crianças. Neste debate foi, contudo, consensual que brincar é a atividade que as crianças melhor conhecem, de que mais gostam e está presente desde que se levantam até que se deitam, em todas as situações, mesmo que muitos adultos o desconheçam e ignorem. 

Ficou no "ar" a dúvida sobre as metodologias prevalecentes que são usadas nas diferentes Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC). Será que estas actividades organizadas no Tempo Livre das crianças devem ser mais aulas ? mais ensino? ou podem ser actividades lúdicas que possibilitam brincar com os adultos e com os amigos?  que possibilitam o contacto com as diferentes expressões artísticas? 

A todos os presentes e sobretudo aos responsáveis da associação de pais um abraço de parabéns! 


A autoridade não se impõe, conquista-se

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